sábado, abril 24, 2010
Cada som como um grito
Hoje, enquanto passeava pela feira da livro de Braga, encontrei uns livros de poesia do Fernando Ribeiro, mas como o dinheiro acabou e ainda me sobra mês fui pesquisar pela net onde encontrei o blog dele e, além disso, um projecto em que ele, a restante banda dos Moonspell, e o gajo dos Bizarra Locomotiva participam, o Orfeu Rebelde - Cada som como um grito. Está bastante interessante, até porque se baseia na obra de Miguel Torga, num dos seus melhores livros, o Orfeu Rebelde, que empresta o nome à banda.
Orfeu Rebelde
Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade do meu sofrimento.
Outros, felizes, sejam os rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que há gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.
Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legítima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.
Miguel Torga
Orpheu Rebelde ( 1958)
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2 comentários:
Está visto, tenho mesmo problemas em "apreciar" a lingua portuguesa cantada, para mais desta maneira. Se calhar havia de ir ao medico.
Oh pa eu acho isso um bocado estranho, é certo que a lingua portuguesa é dificil de ser trabalhada de maneira a acrescentar alguma coisa a uma melodia ou pelo menos não tirar.. da minha parte vejo-o como um desafio. De resto, acho que deve ser mais encantador um portugues ouvir raw blackmetal whatever do que um noruegues ouvir a propria lingua mãe nesse, acaba por ser o factor exotico que predomina a coisa. Quanto ao portugues ja reparei que por vezes pode ser foneticamente bem agrssivo,depende como o usares
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