quinta-feira, novembro 20, 2008

A Frescura

Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
É tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,
Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.


Álvaro de Campos, in "Poemas"

5 comentários:

Caldusfuriusus disse...

aiiiiiiiiii!!!!!! que cena tripante!quando comecei a ler comecei tambem a tentar adivinhar quem tinha escrito isto. estava longe de ter adivinhado. ainda me agradou mais!um brinde a este leao da nossa cultura. comigo brindam agramon e arluth dhu, e com vocemese?

Ulv disse...

Diletantismo,caralho!!!

Corruptor disse...

Apenas eu mesmo. Confraternizar faz-me mal ao espírito.

Caldusfuriusus disse...

Tao e o leitao, boiiiiiiiii?!

Corruptor disse...

O leitão é um gajo porreiro mas revela algumas dificuldades de comunicação.