terça-feira, fevereiro 12, 2008
Caluda, caralho!
O dia de hoje vai dar início a uma série de poesias, maioritariamente sonetos, de autores portugueses de obras satíricas/eróticas do séc. XVIII e assim. Sendo a grande parte deles abades e padres, e apesar deste facto ser de extrema importância, opto por pôr o nome real dos indivíduos e não os seus títulos.
Aqui vai então a primeira vaga, as outras seguirão quando me entrarem ganas.
Soneto I
Piolho cria o cabelo mais dourado;
branca remela o olho mais vistoso;
pelo nariz do rosto mais formoso
o monco se divisa pendurado:
Pela boca do rosto mais corado
hálito sai, às vezes bem ascoroso;
a mais nevada mão sempre é forçoso
que de sua dona o cu tenha tocado:
Ao pé dele a melhor natura mora,
Que deitando no mês podre gordura,
Fétido mijo lança a qualquer hora:
Caga o cu mais alvo merda pura:
pois se é isto o que tanto se namora,
em ti mijo, em ti cago, oh formosura!
Soneto II
Cagando estava a dama mais formosa,
e nunca se viu cu de tanta alvura;
mas ver cagar, contudo a formosura
mete nojo à vontade mais gulosa!
Ela a massa expulsou fedentinosa
Com algum custo, porque estava dura:
uma carta de amores de alimpadura
serviu àquela parte mal cheirosa:
Ora mandem à moça mais bonita
um escrito de amor, que lisonjeiro,
afectos move, corações incita:
Para o ir ver servir de reposteiro
à porta onde o fedor e a trampa habita,
do sombrio palácio do alcatreiro!
Paulino António Cabral de Vasconcelos (Amarante, 1720-1789)
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2 comentários:
Arrebita, arrebita olé.
Malcriadão!
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