domingo, abril 15, 2007

VOLTA AMANHÃ, REALIDADE


Lisboa. 26 de Novembro de 1935. Pessoa encerra o expediente no escritório de import-export e segue para casa. Debaixo do braço, sempre a sua pasta de cabedal. Antes de chegar ao seu andar na rua Coelho da Rocha, passa pelo bar do Trindade, logo na esquina. Rotina. O amigo vende-lhe fiado. Chega-se ao balcão e diz:
- 2, 8 e 6.
Trindade serve-o: fósforos, um maço de cigarros e um cálice de aguardente. No olhar, cumplicidade. Os fósforos custam 20 centavos, os cigarros 80 e um cálice de aguardente 60. Pessoa simplifica: 2, 8, e 6 tostões. Trindade já está acostumado. O poeta acende um cigarro e bebe o cálice, um trago só. Retira da pasta uma garrafa vazia, preta. Entrega-a ao Trindade que, discretamente, a devolve cheia. Com a pretinha bem guardada, Pessoa despede-se. Sai aos tropeções e a recitar:


Bêbada branqueia

Como pela areia

Nas ruas da feira,

Da feira deserta,

Na noite já cheia

De sombra entreaberta.

A lua branqueia

Nas ruas da feira Deserta e incerta...

8 comentários:

Ornlok disse...

Já ia que nem via
com a cérebra vazia
punheta corneta
enquanto bagaço bebia
olhos de cão,
almas de betão
fripst rabukst zzbá
era tudo o que ele escrevia

ForbiddenWoods disse...

Já vais com a pretinha cheia também, não?

Ornlok disse...

Pretinha? Não obrigado.
Mas onde é que anda o pessoal todo pá?

ForbiddenWoods disse...

Provavelmente a fazer qualquer coisa mais interessante que frequentar blogs :)

Corruptor disse...

Fernando Pessoa fumava ópio não era? Se sim era um gajo fixe.

Gandarro disse...

ópio é uma droga bastante merdosa, um gajo passa a vida deitado no sofá a fumar e a sonhar com gasolina e alguidares de agrião.
è por isso que eu ando gordo

Corruptor disse...

MD COM RELVA!

Gandarro disse...

e umas pitadas de cona